Lembrai desta história, crianças,
Antiga que aqui desenterro:
Eu vi, quando jovem, nas minhas andanças
A harpia das Asas de Ferro.
Seu grito era o grito das eras
Transpondo os espaços aéreos:
Rugia à maneira que rugem as feras
Ou almas dos vis cemitérios.
O chão com seu vôo tremia
E as nuvens fugiam do céu,
Tamanha era a fúria nos urros da Harpia
Que, lembro, chamava-se Orvel.
A um deus desafios lançou,
Lançou-se sem medo à batalha,
E contra Ankhaitar a lutar se atracou,
Despindo da rubra mortalha.
E os homens fugiam com medo;
Mulheres, crianças, também;
O embate seguia feroz no rochedo,
Durasse dois dias ou cem!…
Quem foi vencedor eu não vi,
Nem vi quem saiu por vencido:
Também eu tremera ao ficar por ali,
Temendo da morte o sentido.
Mas hoje, já velho e sem ar,
Meus olhos cansados eu cerro…
E ainda, no além, eu irei recordar
Da Harpia das Asas de Ferro.
Autoria de Jaime de Andruart
Nenhum comentário:
Postar um comentário