Fóquinho:

Uma vez em minha casa

Um cãozinho apareceu

Era branco e peludinho

E entre afeto e carinho

Pouco a pouco ele cresceu

Foi crescendo e eu notei

No modo de ele andar

Na perna tinha um defeito

Para dar passos direito

Era preciso ele pular

Sempre, sempre aos pulinhos

Vivia ele a correr

 Não parava um só instante

Enquanto não estava ofegante

Não queria adormecer

Em sua cabeça havia

Um pequeno ferimento

Sinal de uma mordida

Pois quando chegou a vida

Recebeu bem no momento

Uma cadelinha preta

Que foi a qual o gerou

Deu-lhe uma dentadinha

E no alto da cabecinha

Uma cicatriz ficou

Era um cãozinho bonito

Muito esperto e valente

Tinha o costume de latir

Por qualquer coisa ouvir

Ou quando chegava gente

Mas era muito bonzinho

Não tinha preguiça de nada

Era só vir um gambá

Ou uma ave a gritar

Já saía em disparada

Ás vezes tomava banho

E ficava então feliz

Parecia um ursinho

Com o pelo maciinho

E branquinho como giz

  

Na hora da refeição

Se ele com fome estava

Entrava embaixo da mesa

E, vejam-só que beleza!

A patinha em nossa perna encostava.

Ficava só me olhando

Com olhinhos suplicantes

E se eu lhe desse um pouquinho

Balançava o rabinho

Agradecendo bastante

Mas o tempo foi passando

E a tristeza chegou

Do lado, em seu pescocinho

Bem do ladinho do osso

Uma ferida lhe afetou

Eu ficava muito triste

Por ver o seu sofrimento

Mesmo na dificuldade

Demonstrava felicidade

Estava sempre em movimento

  

Quando ele percebeu

Que a morte chegaria

Procurou se afastar

Para o sofrimento evitar

Ficou sumido vários dias

Chegando a segunda-feira

Quando fui para a escola

No meio do milharal

Vi como ele estava mal

Quem tem coração até chora

Passada quase a semana

Sexta-feira tinha chegado

Embaixo do assoalho

Onde procurou agasalho

Sua vida tinha findado

Se foi aquele cãozinho

Pouco tempo esteve comigo

Neste tempo que viveu

Muita alegria me deu

Foi meu verdadeiro amigo

Se foi quando ainda era novo

Deixando muita saudade

Hoje me lembro com carinho

De como foi que Fóquinho

Só me deu felicidade.

José Julio Jordan Lopes - 06 de abril de 1997