sábado, 7 de setembro de 2019

Liberdade, Independência!...

Liberdade! Independência!... 
Eis os brados grandiosos 
Que quais raios luminosos 
Fulguraram lá nos céus!... 
Eis a mágica -- Odisséia 
Que duns lábios rebentando, 
Foi o povo transformando, 
Foi rompendo os negros véus!... 

As colinas, prados, montes, 
As florestas seculares 
-- Os sertões, os próprios mares 
Exultaram com fervor! 
E os brados retumbaram 
Pela lúcida devesa, 
Pela virgem natureza 
Com homérico clangor!... 

Qual artista consumado, 
Qual um velho estatuário 
Do Brasil no azul sacrário, 
Essa data vos traçou, 
-- O triunfo mais pujante, 
A eleita das idéias, 
A major das epopéias 
-- Q'inda igual não se gerou!... 

Mas embora, meus senhores 
Se festeje a Liberdade, 
A gentil Fraternidade 
Não raiou de todo, não!... 
E a pátria dos Andradas 
Dos -- Abreu, Gonçalves Dias 
Inda vê nuvens sombrias, 
Vê no céu fatal bulcão!... 

Muito embora Rio Branco, 
Esse cérebro profundo 
Que passou por entre o mundo, 
Do Brasil como um Tupã!... 
Muito embora em catadupas 
Derramasse o verbo augusto, 
Da nação no enorme busto 
Inda a mancha existe, há!... 

É preciso com esforço, 
Colossal, estranho, ingente, 
Ir o cancro, de repente 
Esmagar que nos corrói!... 
É preciso que essa Deusa, 
A excelsa Liberdade, 
Raie enfim na Imensidade 
Mais altiva como sói!... 

Sai da larva a borboleta 
Com as asas auriazuis 
E um disco vai -- de luz 
A deixar onde passou! 
No entanto o grande berço 
Das façanhas de Cabrito 
Inda espera um novo grito 
Como o -- Basta -- de Waterloo!... 

Eu bem sei que Guttemberg 
Que esse Fulton primoroso 
Faust, Kepler grandioso 
Trabalharam té vencer! 
Mas embora tropeçassem 
Acurando os seus eventos, 
Tinham sempre tais portentos 
A vontade por poder!... 

Eia! sim! -- p’ra Liberdade 
Irrompei qual verbo eterno, 
Como o -- Fiat -- superno 
Pelos ares a rolar! 
Eia! sim! -- que nossa pátria 
Só precisa -- mas de bravos... 
E em prol desses escravos 
Seu dever é trabalhar!!... 

Somos filhos dessa gleba 
Majestosa aonde o gênio 
Como o astro do proscênio 
Solta as asas, mui febril! 
Dos selvagens Tiaraiús 
E dos brônzeos Guaicurus... 
Somos filhos do Brasil!... 

Esperemos, tudo embora!... 
Pois que a sã locomotiva, 
Do progresso imagem viva 
Não se fez a um sopro vão!. 
Aguardemos o momento 
Das mais altas epopéias, 
Quando o gládio das idéias 
Empunhar toda a nação!... 

Esperemos mais um pouco 
Q’inda há almas brasileiras 
Que se lembrarão, sobranceiras, 
Que é preciso progredir!... 
Inda há peitos valerosos 
Que combatem descobertos 
Por florestas, por desertos, 
Mas c'os olhos no porvir!... 

Inda há lúcidas falanges 
Lutadores denodados 
Que se erguem transportados 
Burilando a sã razão!... 
Inda há quem se recorde 
Do Egrégio Tiradentes 
Que do sangue as gotas quentes 
Derramou pela nação!!... 

Já nas margens do Ipiranga 
Patrióticos acentos 
Vão alados como os ventos 
Pelos páramos azuis!!... 
Vamos! Vamos! -- eia! exulta, 
Jovem pátria dos renomes... 
-- Vibra a lira, Carlos Gomes! 
Bocaiúva, espalha luz!!...


Autoria de Cruz e Souza

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