LIBERDADE
UM ECO
NO CATIVEIRO
Que
tristeza quando penso
Nos
povos em servidão!
Nos
povos, gigante imenso
Rugindo
humilde no chão!
Ao
pensar assim comigo,
Quantas
vezes eu maldigo
Essa
campa de jazigo
Que pesa
sobre as nações!
Quantas
vezes eu deploro,
Quantas
estremeço e choro,
Ouvindo
o ranger sonoro
De seus
pesados grilhões!
Ouvindo
tão tristes queixas
Retumbando
por esse ar,
Tantas
sentidas endechas
Sobre a
terra a suspirar;
Ouvindo-te,
humanidade,
Esse
gemer de saudade,
Que
soltas na imensidade
Sem que
te escute ninguém;
Ouvindo-te,
ó malfadada,
De teus
filhos rodeada,
Suspirar
abandonada
Como
suspira uma mãe!...
É triste
a cena que vejo,
É
triste, mas ei-la aí...
Aquém
sofismas, sem pejo,
Férreas
algemas ali;
Dum lado
povos traídos,
Pelos
seus escarnecidos,
Soltam
queixas e gemidos
Que
ninguém quer acolher;
Doutro
povos humilhados,
Sob um
jugo avassalados,
Por um
peso recalcados
Quase
nem ousam gemer...
Pobre
raça deserdada
Que aí
suspiras em vão,
Quando
hás-de ter entrada
Na terra
da promissão?
Quando
hás-de resgatar-te?
Quando é
que em toda a parte
Há-de o
mundo contemplar-te
Semelhante
a um homem só?
Quando
raiará o dia
De
cessar tua agonia?
Quando
terás alegria
Erguendo
a fronte do pó?
Hás-de
tê-la, que o desterro,
Eia, ó
triste, acabará,
Que esse
jugo vil de ferro
Em
pedaços cairá!
Esgota o
cálice inteiro
De teu
duro cativeiro;
Porém do
solo estrangeiro
Fita ao
longe a redenção!...
Esta
crença, força e vida
Nos
corações mal contida,
Pode
acaso ser retida?
Acaso
pode?... pode? – Não!
Debalde
tentam detê-la
Porque a
corrente caudal
Hão-de
majestosa vê-la
Transpor
o dique afinal...
Tudo no
mundo descansa,
Nada
progredindo avança,
Tudo
avante se abalança
Num
eterno caminhar...
Fitai o
sol, as estrelas;
Vede se
podeis sustê-las,
Se podeis,
loucos, fazê-las
Ao vosso
aceno parar...
Quem me
dera a mim agora
Ter do
fogo lá do céu,
Daquele
fogo que outrora
Trouxe à
terra Prometeu!
Oh! que
se eu pudera tê-lo,
Eu havia
de vertê-lo
Nessa
montanha de gelo
Que inda
dos seios não cai...
Sobre a
raça amortecida
Dos
homens soprara a vida,
E com
voz, do mundo ouvida,
Lhes
bradaria: – Acordai! –
Autoria de António Augusto Soares de Passos
Bom dia. Um poema brilhante. Adorei:))
ResponderExcluirHoje :-
Existem sussurros na brisa.
Bjos
Votos de uma óptima Segunda - Feira
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