sábado, 1 de setembro de 2018

Um perfume de Jasmim

Certo dia de alegria,
Um fato aconteceu,
Aquela criança que sorria,
Esperança me trazia,
E o mundo não percebeu...

Foi num gesto tão profundo,
Carregado de paz e de amor,
Com as coisas melhores do mundo,
Encheu meu coração vagabundo,
Com o perfume de uma flor...

Sobre Deus ela falava,
Para os amigos que tinha,
A quem dela se aproximava,
Com amor se iluminava,
Foi tão breve sua vidinha...

Com poucos anos de vida,
Acabou-se a alegria,
Aquela florzinha querida,
Por surpresa mais dolorida,
Estava com leucemia...

Sempre que eu a visitava,
Quando ainda não doente,
Uma florzinha pegava,
E entre sorrisos me ofertava,
Eu agradecia contente...

Às vezes era um papel
Para fazer um desenho,
Com a doçura do mel,
Me fazia lembrar do céu,
Eu atendia com empenho...

Quando veio o sofrimento,
Ela não esqueceu a luz,
Sempre no bom pensamento,
Dizia a todo momento,
"Assim me ensinou Jesus!"...

Cada vez mais abatida,
Com o sofrimento que crescia,
Mostrava-se agradecida,
Quando no livro por ela trazida,
Uma história eu lia...

"Como fazia para suportar?
Como podia viver assim?"
Ela depois de muito me olhar,
Calmamente se pôs a falar:
"É que Jesus gosta de mim."...

Uma vez lhe perguntei,
Por quê ela não chorava,
E jamais esquecerei,
A frase que escutei,
Que eu seu coração estava...

Levantando os olhinhos,
E fixando-os em mim,
Ela deu um sorrisinho,
E entre afeto e carinho,
Logo me falou assim:

"Sei que existe o sofrimento,
Que maltrata os dias meus,
Mas terei um pagamento,
O mais importante no momento,
É agradecer a Deus."...

Hoje o tempo já passou,
Ela está com os anjinhos,
Tudo que ela nos falou,
Foi Deus quem a ensinou,
Guardemos para nossos caminhos...

O meu Deus, quanta saudade,
Daquela coisinha mimosa,
Trazia na mão a caridade,
Quando com felicidade
Oferecia um botãozinho de rosa...

São simples quadrinhas que fiz,
Em homenagem a essa menina,
Que procurou ser feliz,
E contente fica quem diz,
Seu nome: Ana Carolina...

Ainda me lembro comovido,
Da voz que eu escutava,
Em meio ao alarido,
Chegava no meu ouvido:
"Zé bolacha", me chamava...

Sempre que a dificuldade,
Vem e se apossa de mim,
Penso logo na verdade,
Em quem desejou felicidade,
E sinto um cheirinho de jasmim.

José Júlio Jordan Lopes

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