Lágrimas verdadeiras

No distante país antigo

O governo era seu inimigo

Que à traição os pegou

Com muita maldade expulsou...

Ela viveu até uma longa vida

De flores também mágoas doridas

Viu partirem todos parentes

E no mundo ficou descontente

Primeiro o filho do meio

Ferindo o coração em cheio

A senhora chorou nesse instante

Lágrimas verdadeiras constante

Depois partiu a primogênita

Também teve vida finita

A mãe outra vez chorou

Lágrimas verdadeiras ali derramou

Então ao morrer a caçula

Grande mágoa o coração postula

Chorou longas dolorosas demais

Verdadeiras lágrimas abissais

A velhinha então não resistiu

Com o cãozinho ao mundo saiu

Por muitos lugares passou

Alguma gente até a ajudou

Mas ainda sofria sozinha

As mágoas da vida que tinha

E ali no banquinho da praça

Abraçada ao cão ela chora

Lágrimas verdadeiras de amor

Sofrendo, sentindo sua dor...

A vida já perdeu a graça

Talvez fosse melhor ir embora

O banco da praça clareou

Um novo dia amanheceu

Ela os olhos pra sempre fechou

Apenas seu cão percebeu

Então no banquinho sem beiras,

Somente o cãozinho chorou...

E as lágrimas eram verdadeiras.

Autoria de Nick - 1998